Sinopse
O protagonista do livro é Téo, um jovem e solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e dissecar cadáveres nas aulas de anatomia. Num churrasco a que vai com a mãe contrariado, Téo conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Clarice está escrevendo um road movie de nome “Dias perfeitos”. O texto ainda está cru, mas ela já sabe a história que quer contar: as desventuras de três amigas que viajam de carro pelo país em busca de experiências amorosas.
Téo fica viciado em Clarice: quer desvendar aquela menina diferente de todas que conheceu. Começa, então, a se aproximar de forma insistente. Diante das seguidas negativas, opta por uma atitude extrema: desfere um golpe na cabeça dela e, ato contínuo, sequestra a garota. Elabora então um plano para conquistar Clarice: coloca-a sedada no banco carona de seu carro e inicia uma viagem pelas estradas do Rio de Janeiro - a mesma viagem feita pelas personagens do roteiro de Clarice. Passando por cenários oníricos, entre os quais um chalé em Teresópolis administrado por anões e uma praia deserta e paradisíaca em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita: Téo a obriga a escrever a seu lado e está pronto para sedá-la ou prendê-la à menor tentativa de resistência. Clarice oscila entre momentos de desespero e resignação, nos quais corresponde aos delírios conjugais de seu sequestrador. O efeito é tão mais perturbador quanto maior a naturalidade de Téo. Ele fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas decisões com lógica impecável.
A capacidade do autor de explorar uma psique doentia é impressionante - e o mergulho psicológico não impede que o livro siga um ritmo eletrizante, digno dos melhores thrillers da atualidade. Dias perfeitos tem clima sombrio e claustrofóbico, personagens em tensão permanente e diálogos afiados. Angustiante e repleto de reviravoltas, o livro é uma história de amor obsessivo e paranoico que consolida Raphael Montes como uma das mais gratas surpresas da literatura brasileira.
Sobre o livro
Título: Dias Perfeitos
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
"Dias perfeitos é o segundo livro escrito por Raphael Montes e lançado pela editora Companhia das Letras em 2014.
O livro conta a história de Téo, um estudante de medicina que mora com a mãe paraplégica e o Sansão -o cachorro que é o xodó da mãe dele - em um apartamento. Ele tem 20 anos e é um jovem introvertido, que tem como sua única "amiga" um cadáver da aula de anatomia da faculdade.
É em um churrasco - que ele foi obrigado a ir - que tudo mudou. Lá ele conheceu Clarisse, e ela conseguiu algo que ninguém conseguiu antes: chamar a atenção de Téo.
Clarice é o oposto de Téo. Ela tem 24 anos, é aberta, direta, e tem o prazer de se destacar e ser diferente dos outros. Estuda Artes na UERJ e é roteirista nas horas vagas. Ela está escrevendo um road movie chamado "Dias Perfeitos". O texto ainda não está completo, mas ela sabe a história que quer contar em Dias Perfeitos: as desventuras de três amigas que viajam de carro pelo país em busca de experiências amorosas.
Téo fica obcecado por Clarice. Os pensamentos dele são preenchidos sobre Clarice até que rapidamente só exista ela em sua mente. Ele precisa ver ela novamente e saber tudo sobre ela. Então ele começa a se aproximar dela de forma insistente, e após receber um resultado negativo em suas investidas, Téo passa de stalker para creepy stalker em questão de segundos e tem uma atitude inesperada: ele golpeia a cabeça dela, deixando-a desacordada. Rapidamente ele resolve o problema e encontra a solução.
Ele resolve sequestrá-la e elabora um plano para conquistá-la e fazê-la enxergar que eles podem ficar juntos. Como Clarice pretendia fazer uma viagem à Teresópolis para finalizar o roteiro, ele a coloca sedada no banco do carona e inicia a viagem pelas estradas do Rio, com o mesmo roteiro que os personagens de Clarice fazem em Dias Perfeitos.
Dias perfeitos não tem nada de perfeito.
Preciso dizer que essa sinopse me pegou de jeito. Vejo sobre casos criminais desde criança (peculiar para uma criança, eu sei, mas eu ficava intrigada com pessoas que desapareciam e ninguém sabia o que tinha acontecido com elas, que é um completo mistério) e quando eu vi a sinopse, já dá pra perceber pelas descrições e durante a leitura que o Téo é um sociopata/psicopata (coloquei os dois porque vejo traços das duas coisas nele), apesar do livro não usar o termo.
Téo faz tudo com uma naturalidade que nos assusta. Ele fala com calma, planeja com frieza e justifica suas decisões com uma lógica impecável. Sobre Clarice, é impossível não ficar agoniada com a situação em que ela se encontra.
Novamente tive aquele pensamento no final "como isso é possível?" e depois fiquei sentindo muita raiva porque a sorte sempre está a favor do lado errado e isso é muito injusto (não que isso não aconteça na vida real, há muitas injustiças no nosso mundo), mas na ficção, seja livro, série, filme, a gente quer que o vilão se dê mal, né? E não é o que vemos nos livros do Raphael Montes, e foi através desse livro que eu entendi que seria assim e confirmei depois que li os livros seguintes.
Outra coisa que percebi é que não tem personagens com quem você vai se apegar, como a gente é acostumando. Ninguém presta, ninguém vale um centavo e nesse aqui é pior porque o personagem principal é claramente um psicopata/sociopata, apesar do livro não dizer que ele é com essas palavras, mas pelas descrições ao longo do livro, atitudes e pensamentos, você consegue perceber que ele é sim, não sei se um ou outro ou os dois porque pelas definições eu percebi que ele tem traços tanto de psicopata como sociopata.
Sobre a Clarice você até consegue sentir pena e torce pra que ela consiga sair dessa situação que eu não desejo nem ao meu pior inimigo, ela passa a maior parte do tempo dopada, em outros momentos ela até escreve o roteiro e tenta escapar da situação diversas vezes.
Essa questão de não ter personagens que você se apegue, goste, é mais uma característica dos livros do autor, que é presente nos outros livros dele também. Eu nunca tinha lido livros que você não goste de nenhum, sempre tem algum personagem favorito, que se destacou, mas não vemos nos livros dele e depois desse aqui eu entendi e passei a não me importar com isso.
Mudando de assunto um pouco, eu gosto desde criança de ver sobre casos criminais (um pouco peculiar para uma criança, mas eu ficava intrigada como pessoas desapareciam e ninguém sabia o que havia acontecido com elas) e é algo que até faço até hoje. Não vejo só casos criminais ou sobre pessoas desaparecidas mas também gosto de entender sobre a cabeça de pessoas que comentem esse tipo de crime e esse livro nos transporta para a mente de um psicopata e acho que foi isso que me chamou mais atenção pra ler esse livro.
Outra coisa que eu achei legal nesse livro é que o autor interliga os livros. Por exemplo, nesse livro passa a notícia na tv do que aconteceu em Suicidas. No próximo livro (Jantar Secreto) aparece uma coisa que aconteceu em Dias Perfeitos. Em Uma mulher no escuro o que aconteceu em Jantar Secreto. Isso aqui me conquista, sabe? Geralmente tem muito isso em livros de suspense e eu AMO! Me conquista de uma forma...
Esse livro também tem gatilhos, assim como os outros, como violência contra a mulher, sequestro, homofobia, violência física, verbal e sexual.
Foi um livro que me deixou tensa, aflita, cheia de ódio e revoltada com esse final. Mas o final foi o que deixou esse livro não ter 5 estrelas, sabe? Ele é bom, não é ruim não, mas não é PERFEITO. Toda vez que lembro do final chega me dá um desânimo, uma tristeza. Também tem umas coisas previsíveis e não gosto quando isso acontece, gosto de ser feita de otária, trouxa, com a resposta na minha cara o tempo todo e não ter visto.
Esse livro fica em terceiro lugar no TOP 5 dos livros do autor. Suicidas vem logo em seguida. Mas na próxima resenha eu vou falar sobre o meu favorito, Jantar Secreto.
0 Comentários
O Era Uma Vez é um blog feito pra você, leitor. Aqui você encontra resenhas de livros que já li, arquivos e notícias do mundo literário.
Também estamos no Instagram (@blogonceuponatime) e para entrar em contato comigo, você pode deixar um comentário, entrar em contato pelo Instgram do blog ou responder o formulário na aba Contato ou enviar uma mensagem para o email era1vezblog@gmail.com. Responderei em breve!
Seja bem-vindo(a), sinta-se à vontade e volte sempre que quiser!