Livro: Suicidas de Raphael Montes [Sinopse + PDF + Resenha]

 



Sinopse

Antes que o mundo pudesse sonhar com o terrível jogo da baleia azul, que leva jovens a tirar a própria vida, ou que a série de televisão 13 Reasons Why fosse lançada e se tornasse o sucesso que é hoje, Raphael Montes, então com 22 anos, já tratava do tema do suicídio entre jovens, com a ousadia que virou sua marca registrada. Em seu primeiro livro, que a Companhia das Letras agora relança acrescido de um novo capítulo, conhecemos a história de Alê e seus colegas, jovens da elite carioca encontrados mortos no porão do sítio de um deles em condições misteriosas que indicam que os nove amigos participaram de um perigoso e fatídico jogo de roleta russa. Aos que ficaram, resta tentar descobrir o que teria levado aqueles adolescentes, aparentemente felizes e privilegiados, a tirar a própria vida. Para isso, contamos com os escritos deixados por Alê, um narrador nada confiável.

Sobre o livro

Título: Suicidas
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras 
Gênero: Suspense, Mistério, Ficção
Páginas: 342
Publicado em: 2012

Link para download, aqui


Resenha

"Suicidas" é o livro de estreia do autor Raphael Montes e relançado pela editora Companhia das Letras em 2017. 

A história se passa no Rio de Janeiro e conhecemos de cara o Alessandro, um garoto nerd de classe média. Seu melhor amigo é o Zak e é totalmente o oposto dele. Milionário, consegue tudo o que quer, desde as suas mínimas vontades até as mulheres. 

Os dois fazem tudo juntos - tudo mesmo - e agora decidiram se matar no porão de Cyrilles's House, a capa de campo da família de Zak, onde os dois já viveram muitos momentos juntos. Só que fazer a roleta russa só com eles dois não parece muito favorável, então Zak convida mais setes pessoas que por incrível que pareça aceitam participar do suicídio coletivo. 

Hoje é a primeira vez que pisaremos em Cyrille's House sem nossos pais. Também não poderia ser diferente. Não estamos indo para brincar no balanço ou nadar na piscina enquanto nossas mães conversam sobre a última moda em Paris. Dessa vez, vamos por algo muito mais sério. Nós decidimos nos matar.

Ritinha é uma garota que chama atenção com sua beleza, inclusive já ficou com o Zak. O Noel é apaixonado por Ritinha e quer sempre estar ao lado dela. Os dois estudam na mesma universidade que Alê e Zak. Maria João e Lucas são irmãos e fazem parte da banda sem nome de Alê e Zak. Maria é feminista, já seu irmão o gótico suicida (ele já tentou várias vezes...). Waléria foi vítima de uma aposta entre Alê e Zak, aposta essa que teve suas consequências... Otto é gay e está apaixonado por alguém que tem medo de sair do armário. E por último temos o Danilo, que possui Síndrome de Down. 

Cometer suicídio é como se tornar um deus por alguns segundos.

O local já tinha sido escolhido, participantes também, e o principal não poderia ser esquecido. A arma do crime foi uma Taurus, que seria abastecida com uma das noves balas levadas por Zak. 

Zak passou a flanela na arma, limpando o cilindro giratório a empunhadura e o cano. Então, escolheu uma das balas. Colocou-a em uma das oito câmaras, guardando as restantes no bolso. Percebendo que todos nós o observávamos, levantou os olhos e arqueou as sobrancelhas.
Num movimento ágil, girou o tambor e, antes que alguém pudesse enxergar em qual câmara estava a bala, o fechou. O revólver fez um clique metálico. Com um sorriso no rosto, Zak sacudiu a arma carregada no ar.
Era hora de começarmos.


A roleta russa se inicia em meio a drogas e muito álcool, enquanto isso Alê escrevia os acontecimentos no caderno. Seu sonho era publicar um livro de sucesso, e sua expectativa era que quando suas anotações fossem encontradas, publicassem então seu tão sonhado livro. 

Há mais famosos mortos do que vivos. A morte traz fama e reconhecimento. Quando eu morrer, vão querer saber o que aconteceu aqui, e meu trabalho será reconhecido... espero.

Não demora muito para as coisas saírem fora do planejado e tudo sair fora do controle. Eles vão se exaltando, verdades vão sendo reveladas e o que era pra ser um suicídio coletivo acaba virando um verdadeiro massacre, banhada em sangue. 

Quando a polícia chega em Crylles's House horas mais tarde, se deparam com uma cena de filme de terror. O ocorrido virou notícia nacional e mesmo após um ano, o motivo dos jovens terem cometido esse suicídio coletivo ainda eram desconhecidos. 

Os peritas encontraram o caderno de Alê na cena do crime, que narrava com detalhes o que aconteceu naquele fatídico dia. Então a delegada Diana Guimarães convida as mães dos noves jovens para tentar descobrir com a ajuda delas o que realmente houve naquele dia, talvez até algo que tenha passado despercebido pela polícia, mas acaba que a reunião vira um caos, cheio de incriminações e  com todas tensas.

Será que o que finalmente aconteceu naquele dia irá ser descoberto?


Já tinha visto nas redes falarem sobre o autor, principalmente quando lançou a primeira temporada de "Bom dia, Verônica" (livro dele que foi adaptado, lançado pela Netflix) em 2020 e esse ano novamente por causa do lançamento da segunda temporada. Como comentavam que era "forte" os assuntos abordados, eu quis distância, mas após ver um vídeo no Instagram sobre esse livro acabou despertando meu interesse e comecei a ler. 

O livro possui três linhas de escrita que são intercalados entre os capítulos: a primeira é narrada em primeira pessoa pelo Alê, no caderno em que ele escrevia o seu livro; o segundo também é narrado por ele, através do seu diário que tem várias situações escritas por ele e em dias diferentes, esses fatos aconteceram antes do ocorrido no porão da casa de Zak em Crylles's House; e por último é narrado em terceira pessoa, é a gravação do interrogatório onde as mães das vítimas estão com a detetive lendo o livro escrito por Alê. Dessa forma vamos recebendo informações de várias pessoas e de formas diferente, entendendo porque cada um resolveu se juntar ao suicídio coletivo.
 
Apesar de ter vários personagens, o foco maior é no Alê e Zak. Falando em personagens, fui confiando em uns, desconfiando de outros, mas me mantive longe emocionalmente com eles, tem horas que é impossível não sentir raiva e asco de alguns deles ou atitudes, afinal nenhum deles é flor que se cheire... 

Já li muito livro policial, inclusive é meu gênero favorito e ver sobre casos criminais é meu passatempo preferido desde criança, mas não estava preparada para as obras do Raphael. Fiquei extremamente chocada em saber que ele escreveu esse livro entre seus 16 e 19 anos, a escrita dele é bem instigante e ele aborda coisas que te deixam chocadas e imagino que a intenção é realmente essa, é chocar e atordoar o leitor (isso vale para todos os livros dele). Ele explora o lado cruel e desalmado do ser humano e incluí ainda um pouco de crítica social. Tão novo e já era um gênio que teve ousadia em retratar em sua escrita fatos chocantes - até mesmo repulsivos - mas de forma genial.

Apesar de ter adorado esse livro e o autor se tornar meu favorito do momento, teve algumas coisas que me incomodaram nesse livro. Eu adoro ler livros que tem mais de um ponto de vista, mas três foram além da conta pra mim, talvez porque também tem muitos personagens nos livros e confesso que tive que anotar os nomes de cada um deles e suas respectivas mães. No início é muito cansativo, até que você pega gosto pela leitura e se acostuma com as três linhas de escrita. Fora que a narrativa que tem as mães é muito cansativa, só é uma acusando o filho da outra, pouca coisa pra acrescentar na história e só no final que tem alguma coisa importante. 

E sim, esse livro tem muitos gatilhos e não é recomendando para todo mundo, principalmente pra quem não tem estômago. Os gatilhos/aviso de conteúdo são necrofilia, violência doméstica, estupro, consumo de álcool/drogas, suicídio/tentativa de suicídio e assassinato. 

Dei três estrelas pra esse livro no Skoob.. Apesar de ter um final chocante, de deixar de boca aberta e pensar "como é possível???", achei o final algo meio impossível. Os dois livros lançados depois desse são muito melhores, talvez porque esse tenha sido seu livro de estreia...

Vi também muitas pessoas dizendo que dá pra perceber que alguns personagens estão mentindo, mas eu não percebi foi nada. Fui feita de palhaça (e amei).

Suicidas é um livro nacional genial, repleto de tensão! Pra quem gosta de thriller, essa é uma boa recomendação, mas só pra quem estômago!



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