Sinopse
Por anos, boatos sobre Kya Clark, a "Menina do Brejo", assombraram Barkley Cove, uma calma cidade costeira da Carolina do Norte. Ela, no entanto, não é o que todos dizem. Sensata e inteligente, Kya sobreviveu por anos sozinha no pântano que chama de lar, tendo as gaivotas como amigas e a areia como professora. Abandonada pela mãe, que não conseguiu suportar o marido abusivo e alcoólatra, e depois pelos irmãos, a menina viveu algum tempo na companhia negligente e por vezes brutal do pai, que acabou também por deixá-la.
Anos depois, quando dois jovens da cidade ficam intrigados com sua beleza selvagem, Kya se permite experimentar uma nova vida ― até que o impensável acontece e um deles é encontrado morto.
Ao mesmo tempo uma ode a natureza, um emocionante romance de formação e uma surpreendente história de mistério, Um lugar bem longe daqui relembra que somos moldados pela criança que fomos um dia e que estamos todos sujeitos á beleza e á violência dos segredos que a natureza guarda.
Sobre o livro
Título: Um lugar bem longe daqui
Título original: Where the crawdads sing
Autora: Delia Owens
Editora: Intrínseca
Gênero: Ficção; Bildungsroman, Romance
Páginas: 336
Publicado em: 2018/2019 (Brasil)
Link para download, aqui
Páginas: 336
Publicado em: 2018/2019 (Brasil)
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Em Um Lugar Bem Longe Daqui, voltamos a década de cinquenta e setenta, em uma pequena cidade litorânea situado na Carolina do Norte, Estados Unidos. Lá vivia Catherine Danielle Clark, conhecida como Kya, em uma cabana no pântano com sua família e durante a história, vamos acompanhar o crescimento dela de sua infância até à vida adulta.
Kya era a mais nova da família, mas sempre presenciou os abusos psicológicos e as agressões que sua mãe e irmãos mais velhos passavam, por parte do pai, que era um alcóolatra extremamente violento. Ela tinha seis anos quando viu sua mãe deixar a cabana, sem olhar para trás. Ao passar das semanas, seus outros irmãos foram embora também pela mesma estradinha por onde sua mãe passou. O último a ir embora foi Jodie, seu irmão mais velho, que explicou que não aguentava mais as agressões. Antes de ir, prometeu que voltaria para buscá-la quando conseguisse, e foi assim que Kya acabou ficando sozinha e conhecida pelos moradores da cidade como "a menina do brejo".
A garotinha ainda tinha esperança que a mãe e seus irmãos voltariam e ela tenta, de alguma forma, agradar o seu pai, para que ele não se tornasse agressivo novamente e fizesse dela um alvo para suas violências. No início, eles constroem uma certa proximidade, ele ensina ela a pescar, andar de barco e até mesmo comprar algumas coisas na cidade. Mas quando chega uma carta misteriosa, que ela desconfia ser da mãe, o pai volta a beber e desaparece.
Agora deixada a viver e sobreviver sozinha, Kya tem responsabilidades que uma criança não deveria ter. E apesar de se manter afastada da sociedade, Kya sempre ia até a pequena loja do amigo do seu pai, o Pulinho, pra trocar lagostins por gasolina para o seu barco, aveia e fósforo. Pulinho e Mabel - sua esposa - cuidam e auxiliam Kya, mesmo que de longe. Ao passar dos anos, dois jovens acabam entrando na vida de Kya, até que um deles aparece morto.
Como falei no início, vamos voltar no tempo em duas décadas. Os capítulos se alternam entre o começo da década de1950 - quando Kya era apenas uma criança - e o final da década de 1960 - quando Kya já é adulta - e acompanhamos sobre um crime que aconteceu na cidade. É interessante essa alternação de tempo no livro porque podemos acompanhar o crescimento de Kya em todas as suas fases e ao mesmo tempo tem essa tensão e suspense que nos deixa curiosos para saber mais sobre o assassinato e a resolução desse caso.
Ainda falando sobre essa época, o livro mostra o preconceito e racismo presente - e totalmente realista - que era nesse período. Através do olhar ingênuo de Kya, vemos como os negros eram tratados de forma diferente, tendo que viver afastados do resto da cidade, além de não poderem entrar em estabelecimentos. Durante a leitura vemos as ofensas, agressões e situações humilhantes a que eram expostos. Havia também a proibição das mulheres de frequentarem determinados espaços sociais.
“Barkley Cove tinha escola para brancos. Do primeiro até o décimo segundo ano, as crianças frequentavam uma escola de tijolos de dois andares que ficava no outro extremo da Main em relação ao escritório do xerife. As crianças negras tinham a própria escola, uma estrutura de cimento de um andar só perto de Colored Town.”
Já o preconceito que Kya sofre é diferente, é por ela ser moradora do brejo, ambiente considerado sujo e hostil e pelo seus trejeitos. Essa região pantanosa da cidade foi ocupada devido a falta de condições financeiras e moradia de parte da população e os moradores são tratados de forma marginalizada, sem acesso aos itens básicos, a escola e saúde básica.
Por mais que todos soubessem da situação que Kya vivia, muitas vezes passando fome e sem ter o que vestir, poucos se importavam com ela, sendo tratada como aberração e sofrendo preconceito durante toda a sua vida e é esse tratamento que a afasta das poucas tentativas que fez de tentar viver em sociedade. Kya fugia do contato humano, além do medo de a levarem para o orfanato e dos agentes educacionais, que até tentaram levá-la a escola e lá ela vê essa diferença entre as classes. O tratamento dos professores com ela e com as outras crianças que não possuem condições financeiras é muito forte, fora o bullying que ela sofreu.
Pulinho e Mabel - que também fazem parte da sociedade excluída pelo resto da cidade por serem negros - foram os únicos que ofereceram o que ninguém em Barkley Cove a ofereceu: amizade, empatia e gentileza.
Kya se enterrou mais fundo no silêncio do mundo natural. A natureza parecia ser a única pedra que não iria escorregar no meio da correnteza.
Sobre os jovens que aparecem na vida de Kya. Um deles ela acaba conhecendo quando estava em umas das suas expedições em seu barco e ela acaba se perdendo, e Tate Walker, que também passava com seu barco a auxilia a voltar para casa. Tate era amigo do seu irmão Jodie, por ser um velho conhecido ela se sente segura com a presença dele. Durante a leitura vemos o vínculo que eles dois vão construindo, o amor pelo pântano e a natureza que os uniu e nas partes entre Tate e Kya tem uma escrita poética.
O segundo jovem é o Chase Andrews. Um rapaz popular, carismático, vindo de uma família rica e de grande prestígio na cidade. Chase foi um dos provocadores do bullying sofrido quando ela esteve na escola e ele começa a se aproximar de Kya após apostar com o seus amigos. Os dois também criam um vínculo e passam vários momentos juntos no brejo, até que ele é encontrado morto perto do farol.
Ela riu para agradá-lo, algo que nunca tinha feito. Cedendo mais um pedacinho de si só para ter alguém.
Todos na cidade ficam surpresos, mas desconfiam que não foi um acidente e sim um assassinato. Os responsáveis na investigação colhem os depoimentos dos moradores da cidade, até que Kya se torna a principal suspeita.
Ela não podia contar para ninguém. Pulinho insistiria para ela chamar o xerife, mas a lei nunca acreditaria na Menina do Brejo contra Chase Andrews. Ela não sabia ao certo o que os dois pescadores tinham visto, mas eles jamais a defenderiam. Diriam que ela havia feito por merecer, pois, antes de Chase deixá-la, tinha passado anos se engraçando com ele, comportando-se de modo pouco condizente com uma dama. Igual uma puta, diriam eles.
E essa dúvida sobre quem é o assassino e se de fato ela esteve envolvida nos deixa ainda mais curiosos.
É impossível você não se simpatizar com Kya e ter vontade de acolhe-la. Um livro cheio de emoções, intenso, que mostra sobrevivência e superação e com uma escrita sensível e um final surpreendente.
O livro foi adaptado para os cinemas e teve sua estreia em setembro. O filme conta com a participação de Daisy Edgar-Jones (conhecida pela série “Pessoas Normais”), que interpretou a Kya. Vou deixar o trailer do filme abaixo:
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