Livro: Tudo é rio de Carla Madeira [Resenha + PDF/ePUB]

 Sinopse

Com uma narrativa madura, precisa e ao mesmo tempo delicada e poética, o romance narra a história do casal Dalva e Venâncio, que tem a vida transformada após uma perda trágica, resultado do ciúme doentio do marido, e de Lucy, a prostituta mais depravada e cobiçada da cidade, que entra no caminho deles, formando um triângulo amoroso.

Na orelha do livro, Martha Medeiros escreve: “Tudo é rio é uma obra-prima, e não há exagero no que afirmo. É daqueles livros que, ao ser terminado, dá vontade de começar de novo, no mesmo instante, desta vez para se demorar em cada linha, saborear cada frase, deixar-se abraçar pela poesia da prosa. Na primeira leitura, essa entrega mais lenta é quase impossível, pois a correnteza dos acontecimentos nos leva até a última página sem nos dar chance para respirar. É preciso manter-se à tona ou a gente se afoga.”

A metáfora do rio se revela por meio da narrativa que flui – ora intensa, ora mais branda – de forma ininterrupta, mas também por meio do suor, da saliva, do sangue, das lágrimas, do sêmen, e Carla faz isso sem ser apelativa, sem sentimentalismo barato, com a habilidade que só os melhores escritores possuem.


Sobre o livro

Título: Tudo é rio
Autora:  Carla Madeira  
Editora: Record
Gênero: Romance, Ficção, Literatura brasileira
Páginas: 210
Publicado em: 2021


Resenha

A vida flui como um rio: ora tranquila, ora turbulenta, mas sempre em movimento. É essa a metáfora que Carla Madeira usa para tecer a trama de Tudo é Rio, seu romance de estreia, publicado em 2014. Uma história intensa e visceral que explora os limites do amor, da dor e do perdão.

A narrativa acompanha três personagens cujas vidas se entrelaçam de forma trágica e inevitável. Dalva e Venâncio formam um casal marcado pela perda precoce do filho, um acontecimento que rompe qualquer equilíbrio na relação. A dor do luto se transforma em silêncio para Dalva e em brutalidade para Venâncio, que se fecha em sua própria frieza e busca na infidelidade uma fuga para o vazio que sente. Todos os dias, Dalva sai de casa sem dizer para onde vai, mergulhada em um sofrimento que ninguém ao redor parece compreender.

Lucy, uma prostituta segura de si, entra na história desafiando convenções. Diferente do estereótipo da mulher que recorre à prostituição por necessidade, Lucy tem orgulho do que faz e encara seu trabalho com autonomia. No entanto, por trás dessa força aparente, há uma vulnerabilidade latente e um desejo profundo por algo que nunca experimentou: um amor genuíno.

Quando Lucy cruza o caminho de Venâncio, o jogo de poder e desejo entre eles se torna uma batalha silenciosa. Acostumado a ter mulheres à sua disposição, Venâncio não cede facilmente, e essa resistência faz com que conquistá-lo se torne uma questão de honra para Lucy. O triângulo amoroso que se forma entre Lucy, Venâncio e Dalva expõe o pior e o melhor de cada um, revelando seus traumas, obsessões e fragilidades.

Com uma escrita envolvente e poética, Carla Madeira constrói uma história marcada pela intensidade emocional e pela profundidade psicológica dos personagens. Tudo é Rio, que se alterna entre presente e passado, não é apenas sobre amor e traição, mas sobre redenção, ciúme, desejo e a capacidade humana de se reconstruir depois do caos. Assim como um rio que nunca para de correr, a vida segue, impetuosa e imprevisível, arrastando consigo tudo o que encontra pelo caminho.

Minha experiência com a leitura:

Todo mundo estava falando sobre esse livro no ano passado, e, curiosa, decidi ler para ver se era tudo isso mesmo. A primeira coisa que me incomodou foi a forma como os diálogos são apresentados, sem travessão ou aspas, sendo integrados diretamente ao texto. Confesso que não gostei muito dessa abordagem, até porque é algo bem diferente do que estou acostumada. No entanto, com o tempo, me acostumei, e isso não chegou a prejudicar tanto a leitura quanto eu imaginava inicialmente.

Sobre o final... Não gostei muito. Tinha muita expectativa de um desfecho diferente, mais otimista, quem sabe, mas acredito que o impacto do livro está justamente na ousadia do fim. Acho que esse é um dos motivos pelo qual ele chamou tanto a atenção dos leitores. Eu jamais faria o que Dalva fez, mas, ao mesmo tempo, compreendo sua escolha, dada a complexidade dos sentimentos e da dor que ela vivenciou.

Acho que o que mais me marcou foi a forma como a autora lida com os sentimentos humanos mais profundos, como a dor, o luto e a obsessão. Tudo é Rio me fez refletir sobre o que somos capazes de fazer quando a dor se torna insuportável.

O livro é curto, nos prende desde o início e tem uma leitura fluida que não nos deixa largar. Ele nos choca, nos mexe com as emoções e faz refletir. É uma ótima pedida para quem está tentando sair da ressaca literária, pois vai te envolver rápido e te manter pensando por um bom tempo depois de terminá-lo.

Trechos impactantes de Tudo é Rio:

"A dor não tem formas, não tem direção, não tem limites."

"A vida se move como um rio. Vai, leva, traz, mas nunca para."

"Você não sabe o que é capaz de fazer até ser empurrado para a beira do abismo."

"O que é amor senão um pedaço de si que você oferece ao outro, e que, muitas vezes, nem volta?"

"Às vezes, o silêncio é a única resposta que a dor consegue encontrar."

"A vida dá um jeito de manter a gente vivo mesmo quando a gente morre de dor.'' 

''Não sabia se livrar daquele sentir, e do sentir para o consentir é só um tombinho de nada, basta um descuido para quem está andando tropeçar.''

''A morte é vida intensa demais para quem fica''

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