Livro: A filha perfeita de Lucinda Berry [Resenha + PDF/ePUB]

 


Sinopse

ELA É SÓ UMA MENININHA.
NÃO PRECISA TER MEDO.

Hannah e Christopher são o retrato de um casal feliz, com carreiras bem-sucedidas e um casamento em total harmonia. Só faltava um único item nesse cenário perfeito: uma criança. Então, quando Janie, uma garotinha abandonada, é levada para o hospital em que ambos trabalham, ela parece ser a resposta a tudo aquilo que sempre sonharam. Christopher cria uma conexão instantânea com ela e convence Hannah de que eles deveriam adotá-la.

Mas Janie não é uma criança comum. Pouco se sabe sobre o seu passado e, a julgar pelo seu comportamento perturbador, talvez seu psicológico afetado mostre que ela é muito mais do que seus novos pais são capazes de lidar, especialmente Hannah. Afinal, é na mãe que ela direciona toda a sua raiva e em quem parece descontar todos os traumas que carrega. Para Christopher, a quem a menina é completamente devota, ela guarda a sua face mais doce e angelical.

Incapaz de criar laços com Janie, Hannah está sufocada com toda a pressão, enquanto Christopher se recusa a enxergar a verdadeira natureza da criança. E conforme a crescente espiral de maldades da menina ameaça separar o casal, a verdade por trás do passado dela os leva ao limite e escancara a Hannah e Christopher que, às vezes, conseguir o que se quer pode ter consequências perturbadoras.
Sobre o livro

Título: A filha perfeita
Título original: The Perfect Child
Autora: Lucinda Berry
Editora: Astral Cultural 
Gênero: Suspense, ficção, suspense psicológico 
Páginas: 384
Publicado em: 2024
Classificação indicativa: 16 anos 




Resenha

"A filha perfeita'' é um livro escrito pela autora Lucinda Berry e lançado pela editora Astral Cultural esse ano (2024). Ela também tem outro suspense publicado aqui no Brasil pela Faro Editorial chamado "O melhor da amizade'. 

O livro conta a história de Hannah e Christopher Bauer. Os dois estão juntos há alguns anos e são um casal perfeito e feliz, mas faltava ainda uma coisa para completar a família: um filho. Os dois tentaram engravidar por anos, mas não conseguiram porque o útero de Hannah, segundo o diagnóstico médico, era inóspito. Como os dois sempre quiseram filhos, e a fertilização in vitro também não havia funcionado, a adoção se tornou a melhor opção do casal, só que adotar não é assim tão fácil e rápido, e eles já tiveram uma adoção fracassada. Mas a vida do casal muda totalmente quando uma menina abandonada é levada para o hospital em que o casal trabalha. 

Hannah é enfermeira e o Christopher cirurgião ortopédico e os dois trabalham em horários diferentes no Hospital Northfield Memorial, o maior hospital regional de Ohio. Uma menina de 6 anos foi levada para lá depois de ter sido encontrada vagando em um estacionamento, vestida somente com uma fralda. Ela estava desnutrida, desidratada, tinha machucados e havia sangue em suas mãos e braços. Era visível que ela tinha sido vítima de abuso infantil e somente um monstro poderia ter feito uma coisa dessas com uma criancinha.  

Os médicos coletaram as evidências espalhadas pelo corpo da menina e descobriram cicatrizes e hematomas antigos. Os raios-X mostraram múltiplas fraturas por todo o corpo, algumas mais antigas e outras novas. Christopher foi um dos responsáveis por realizar a cirurgia da menina que se chamava Janie.  

Sobre as investigações, a polícia ainda não havia encontrado nada sobre a mãe, pai ou parente vivo da criança. Tampouco havia algum registro de criança desaparecida com as descrições dela. Por enquanto, ela ficaria um tempo no hospital até se recuperar totalmente e uma assistente social foi designada para acompanhar o caso dela. 

Os dias de Janie giravam em torno de diferentes terapias, reuniões com vários médicos, incluindo as visitas de Christopher. Os dois tiveram uma conexão instantânea desde que se conheceram e sempre que ele tinha tempo livre, ia ficar com ela. Diferente do marido, Hannah se manteve um pouco distante dela porque casos com abuso infantil mexiam com o seu emocional. Mas depois de Christopher falar coisas extraordinárias sobre ela e vê-lo tão apaixonado, resolveu conhecê-la.  

Christopher e Hannah se preocupavam muito com o que iria acontecer com Janie depois que tivesse alta do hospital. Ela merecia um lugar seguro para se recuperar dos traumas até que encontrassem o lar perfeito para ela. O casal então decide se habilitar para serem os guardiões temporários, e com o passar do tempo, eles decidem adotá-la. Eles sabem que Janie carrega uma bagagem enorme com ela, mas eles se sentem preparados para enfrentar os desafios que irão vir pela frente.  

No começo, tudo parecia bem e todos pareciam muito felizes. Piper estava sempre por perto para ter a certeza de que aquela havia sido a melhor escolha para a menina. Mas com o decorrer do tempo, Janie vai mostrando que ela não é uma criança comum e mostra sua verdadeira natureza. 

A relação de Janie com Hannah foi construída com muita cautela, mas ela sentia que não conseguia criar laços com a menina. Parecia que ela descontava toda a sua raiva e seu trauma. Com Christopher era totalmente diferente. Janie idolatra e venera ele, e a ele só mostra seu lado meigo e inocente. Ele também se recusa a enxergar e acreditar que uma criança de apenas seis anos, com havia passado por um trauma tão grande, pudesse ser má, perversa e manipuladora.

"Ela é só uma menininha. Não precisa ter medo.''

A relação do casal começa a ser ameaçada após a chegada de Janie em casa, até que algo inesperado acontece e os sentimentos dos dois são divididos: Hannah recebe a notícia com muita alegria e Christopher teme como Janie irá reagir e se comportar. O que eles não imaginam é que as maldades da menina vão aumentar, causando um caos de destruição na vida deles.  

''Janie saltou até a porta e me recebeu como sempre fazia: feliz, sorridente e cheia de energia e vida. Eu apenas a encarei, imaginando como alguém que parecia tão doce poderia fazer algo tão horrível."


"A filha perfeita'' tinha tudo para ser um livro cinco estrelas, mas não é. 

Calma que vou explicar!  


A capa foi o que me chamou a atenção para saber mais sobre o livro. Gostei porque as editoras foram atenciosas em colocar detalhes da história na capa. A capa americana tem uma mão em uma bexiga como se fosse pocar, e é uma cena que tem no livro. Achei legal porque foram atenciosos em colocar detalhes da história na capa.    

A leitura do livro é fluída. A história e os personagens são tão bem desenvolvidos que te faz devorar as páginas, inclusive, eu que não costumo ler no trajeto casa-trabalho, acabei fazendo isso porque o livro ficou na minha cabeça e precisava ver o que iria acontecer em seguida.  

O livro tem três narradores: a Hannah, o Christopher e a Piper, que está sendo interrogada pela polícia. O livro já começa pela narração da Piper e fica visível que algo grave ocorreu com a família Bauer, só não sabemos o quê.  Então voltamos para o início da história, conhecendo a convivência e a relação do casal até Janie entrar na vida deles com os capítulos sendo intercalados pelas três narrações. 

“A filha perfeita” contém alguns gatilhos e cenas descritas detalhadamente. Tem tortura, violência contra criança e abuso contra animais. Fala também sobre maternidade compulsória e negligência de pais/tutores em relação a filhos menores de idade com propensão a comportamentos violentos e inadequados.  

Sobre os personagens, a Hannhah é aquela personagem pé no chão, que vê as coisas com mais clareza, mas que acaba cedendo por causa do Christopher. É também a que mais sofre na história e é impossível não sentir pena dela. Ela faz de tudo ao alcance dela para conquistar o amor, amizade, criar laços com Janie, mas ela sempre age com maldade e de forma agressiva.  

O Christopher é o personagem mais insuportável do livro. Ele é totalmente cego de amor por Janie. Toda vez que Hannhah conversa com ele sobre o assunto, ele diz que ela está exagerando, a trata com desdém e simplesmente fecha os olhos, não quer nem fazer o que a terapeuta pede. Ele é o personagem que te dá mais raiva na história e é um cúmplice por omissão. Às vezes penso que ele agiu assim porque ele desejou tanto um filho e quando teve, não queria que tomassem a filha perfeita de volta. E ao mesmo tempo nem sei o que pensar, mas ele deixa bem claro em suas atitudes que daria a vida por ela. 

Sobre a Janie, ninguém sabe o passado dela, e isso só vai ser nos revelado aos poucos, quando Piper vai procurando por familiares da menina e alguns detalhes só nos é revelado a verdade já no final. Confesso que já desconfiava desde o início, era óbvio, mas há algumas coisas que são reveladas nessa parte que nos deixa em choque. No princípio, achei que ela era encapetada por causa de algumas cenas no início, como a forma dela de se contorcer e bater a cabeça, mas ao longo da história vemos o diagnóstico dela.  Entre Janie e Violet (do livro “O Impulso’’), Janie é muito pior.  

''Quando o diabo assume o controle, não há nada que se possa fazer.''

Vale lembrar que nem todas as crianças são puras, existem crianças que tem transtornos e distúrbios de comportamentos violentos. Outro detalhe é que o problema não é o fato de a pessoa ter sido adotada, há muitos fatores envolvidos para que uma criança/adolescente seja um psicopata, desde a falta de oxigênio no parto, genética, o ambiente em que cresceu, traumas etc.  

No caso de Janie, percebi que muita gente ficou em dúvida se foi trauma ou doença, mas dá para entender quando Piper acha um parente da menina e ela narra como ela era desde bebê. 

Creio que há muitos culpados nessa história. Culpo o Christopher por ser um babaca de merda e omisso, culpo a Hannah que não pediu ajuda em momentos críticos e acabou deixando a situação ficar ainda mais caótica, e principalmente o sistema, para quem é a maior crítica do livro.  

O livro não foi cinco estrelas porque o final não surpreende tanto, acho que podia ter aprofundado mais sobre o passado da Janie e o pior de tudo para mim foi o final em aberto. Eu queria um epílogo mostrando o que aconteceu com os personagens depois do desfecho, mas a autora deixou tudo a cargo da imaginação dos leitores – e eu realmente não queria imaginar nada, queria ler o desfecho completo. Fiquei indignada, mas apesar disso, é um ótimo livro para sair de uma ressaca literária por conta da leitura fluída e da escrita da autora que nos prende por ser tão rico nos detalhes, fica parecendo que estamos lendo algo real, talvez seja pelo fato da autora ser psicóloga e pesquisadora de traumas infantis e usa sua experiência clínica para trazer esse realismo para suas histórias de ficção.  

"A filha perfeita” se inicia com um caso de homicídio sob investigação, e as grandes questões são: Quem é Janie, afinal? O que aconteceu com ela e cadê a sua família? Que tragédia aconteceu na família Bauer? 

“Todas as pessoas no mundo acreditam que as crianças são apenas puras. E poucas coisas podem ser mais destrutivas quanto a criança inocente que inventa”. - A natureza da mordida, Carla Madeira.    


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