Para quem não conhece, Matthew Perry foi um ator canadense-americano mundialmente famoso por interpretar Chandler Bing em Friends, minha série de conforto - e também meu personagem favorito.
Seu talento para comédia, o timing perfeito e o carisma fizeram dele um dos rostos mais marcantes da TV dos anos 90. Apesar do sucesso, Perry enfrentou ao longo da vida uma dura batalha contra o vício - uma luta que ele nunca escondeu totalmente, mas que só revela em profundidade nesta autobiografia.
Ler o livro de Matthew Perry é como sentar ao lado dele numa mesa de bar só que sem filtros, sem piadas preparadas e sem a obrigação de ser o Chandler o tempo todo. O que mais me surpreendeu nessa autobiografia foi justamente isso: a coragem de mostrar o que existe por trás de um personagem icônico que marcou gerações.
Matthew escreve com a mesma agilidade e ironia que fez dele um dos rostos mais amados da TV, mas aqui o humor funciona quase como um escudo rachado. Entre uma piada e outra, ele revela um sofrimento profundo, especialmente na relação com o vício. Em vários momentos, a leitura pesa, não porque o texto é difícil, mas porque a sinceridade dói. Ele fala de recaídas, de internações, de quase-mortes, e também da solidão que acompanhava tudo isso, mesmo quando ele estava no auge da fama.
O mais impressionante é como Matthew consegue transformar dor em narrativa. Ele não tenta se justificar, não romantiza nada, não posa de herói. É vulnerável de um jeito desconfortável, mas necessário. Ao mesmo tempo, há um carinho enorme pelo trabalho em Friends, pelos colegas de elenco e pelos fãs, mesmo quando ele admite que, durante boa parte das gravações, ele estava lutando uma batalha silenciosa.
A leitura deixa um gosto agridoce. Por um lado, você sente que finalmente conhece o homem por trás do sarcasmo; por outro, é impossível ignorar a sensação de que ele merecia muito mais luz do que encontrou ao longo da vida. Fechei o livro com um misto de admiração e tristeza, mas também com a sensação de ter recebido um presente: a oportunidade de entender Matthew Perry pela perspectiva dele mesmo.
Matthew faleceu em novembro de 2023, e a notícia me abalou de uma forma que eu não imaginava. Quando completou um ano da morte dele, o livro voltou à minha memória, e resolvi finalmente lê-lo para me sentir um pouco mais perto de quem ele foi. Só depois disso consegui voltar a assistir Friends, porque antes eu evitava… não queria encarar o fato de que ele não estava mais aqui.
É um livro honesto, direto e humano. Para quem gosta de memórias, para quem amou Friends, ou simplesmente para quem quer compreender melhor como é viver sendo amado pelo mundo, mas travando guerras internas, vale demais a leitura.


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